Um leigo falando sobre política.
O trabalho do trabalhador é essencial e majoritário, mas ele está longe de representar o total valor. A mais-valia existe e deve existir justamente para recompensar a genialidade de assumir grandes riscos e ter sucesso terminal, no intuito de incentivar que mais desses sejam criados, pois precisamos da resolução desses problemas. O tamanho da mais-valia pode e deve até ser regulamentado pelo estado e outros órgãos a fim de não haver Lobby na geração e remuneração de empregos com a culminância de uma mais-valia desproporcional ao valor gerado entre empregado e empregador. Mas o problema central do modelo marxista é o pressuposto de que o valor de um produto ou serviço é igual ao conjunto dos esforços de trabalho necessários para sua produção ou efetivação. O valor não é determinado pelo trabalho, mas pela importância que um bem tem para o consumidor em última instância, a resolução do problema que ali antes existia e não existe mais. Quão vale eu estar livre de um problema X? Se o valor não deriva apenas do trabalho, a exploração (diferença entre valor produzido e salário pago) perde parte do seu fundamento teórico.
O lucro existe em recompensa de riscos bem tomados e resultados atingidos. Vem da capacidade criativa em resolver os problemas visto tanta coisa em jogo. Se o conjunto da força de trabalho representasse o total do valor de uma empresa, todos os trabalhadores poderiam se juntar pedir demissão e formar seu próprio e novo organismo. Só o que faltaria aqui seria o próprio meio de produção que os mesmos não são detentores e, para resolver isso, é difícil, porém muito simples, alguém corajoso que tire um empréstimo ou assuma promessas com investidores a fim de ser detentor do meio de produção, assumindo riscos e, portanto sendo chamado de o maldito empreendedor.
O McDonald’s não vende hambúrguer, o verdadeiro foco do negócio é imobiliário. Embora a empresa venda hambúrgueres, sua maior receita e lucro vêm do aluguel que os franqueados pagam por usarem a marca e os locais dos restaurantes, que são de propriedade da McDonald’s. Será que se os mais de 70 000 funcionários do McDonald’s, em sua maioria com apenas o ensino médio completo, se juntassem e fundassem a empresa chamada Miquei Donalds, recebessem bilhões do Elon Musk em financiamento para serem os donos do meio de produção, ela teria um lucro bilionário no futuro como a empresa oficial tem hoje? O McDonald’s não vende hambúrguer.
O valor de um produto ou serviço não é igual apenas ao conjunto do esforço de trabalho necessário para sua produção ou efetivação. Seria muito bonito mesmo se todos nós fossemos abelhas sociais que conseguíssemos pensar em coletivo e agir sempre em nome do bem maior e do outro. Mas o que acontece na realidade é que o ser humano é um ser egoísta com dificuldade até de edificar e fazer uma renúncia em nome da sua própria família quem dirá em nome da sociedade. Humanos primitivos só conseguiram ultrapassar socialmente a barreira de 30 indivíduos de uma tribo, como Chimpanzés permanecem até hoje, no momento em que houve mecanismos sociais políticos e institucionais de coerção e incentivo mútuo que gerasse uma convivência adequada na coletividade. Inicialmente foi preciso um estado forte, melhor dizendo um reino ou monarquia, com altos impostos e privilégios de poucos que garantiram tempo de estudo e preparação de alguns para poderem administrar muitos. Depois veio a burguesia criando o capital massificando algo criado séculos antes: o dinheiro. Decentralizando o poder e criando uma entidade antes nunca vista, um incentivo egoísta que gerasse um benefício comunitário, para que coletivamente gerássemos mais riqueza de uma forma que nunca antes fora possível.
Visto que as motivações são egoístas, muitas vezes os fins acabam justificando os meios, algo que pode ser bem nocivo, principalmente quando se trata de necessidades básicas garantidoras de mínimas condições aceitáveis para que todos possam ter a oportunidade de entrar nesse jogo. Temas como saúde, educação, transporte público, alimentação deve ser regulamentados pelo estado. O ser imparcial que idealmente não visa lucro, e garante o rumo, apesar dos escândalos de corrupção que literalmente corrompem o propósito da instituição. Não é um sistema perfeito, mas ainda estou no aguardo de uma solução melhor.
Eu não tenho disponibilidade para pesquisar constantemente sobre o tema. Mas tenho que direcionar minha visão de mundo a partir do pouco que estudo e da minha experiência. Sou bem aberta à discussão. Eu acredito realmente nessa divisão de poderes. No Yin e Yang políticos que tentam equilibrar o rumo das coisas. O grande problema são os extremos e pensamentos polarizados que fecham os olhos e ouvidos para tudo como as ideologias afirmativas de absoluta verdade em si mesmo. Olha a escória da extrema direita nos Estados Unidos, os QAnon. Olha o desserviço a população que paga impostos para financiar faculdades públicas que deveriam, principalmente no campo de humanas, gerar pensadores, resolvedores e teóricos sociais, debatedores de melhorias, mas que hoje tem cada vez mais gerados comunistas, adotadores de uma cartilha padrão embasada num livro de um teórico que nunca construiu nada, um privilegiado, um antirreligioso e espiritual, instigador de revolução e violência. Eu entenderia a violência se o sistema vigente fosse totalmente inimigo de todos. A monarquia chegou nesse ponto apesar de ter sido importante no passado. Mas o que acontece na realidade, pelo menos nas alas mais moderadas de todos as visões políticas divergentes é o anseio pelo progresso nacional.
Na minha humilde visão hoje, atacar o empreendedor por erros como precarização do trabalho/Uberizacão, erros como exploração do ProUni e Fies como a Kroton, erros como agronegócio não alimentando nosso povo. É a mesma coisa de atacar Jesus, pela inquisição, pelas guerras santas e pelas pedofilias dos padres. Com grandes poderes vem grandes responsabilidades e facilidade de também cometer erros como a ganância e etc… E o estado ao nível global inclusive, em vez de regulamentar essas instituições, agindo não como um leão nas suas costas enquanto você corre a maratona de empreender, mas como barreira para o mal, impedindo que o egoísmo do lucro que é a força motriz não gere danos, mas apenas o benefício comunitário. Ajudando principalmente o pequeno empreendedor. Mas, na prática acontece o contrário. Eu abri uma PJ recentemente Sabe quanto eu tive que gastar? Demorei para receber lucros visto o investimento inicial, principalmente com os custos de estar apto legalmente. Acaba sendo um leão que você leva nas costas enquanto vence e a contrapartida está desproporcional demais. Onde tem alto imposto em país desenvolvido tem alto retorno para população.
